Lavar a alma, parte um
Estou prestes a fazer 40 anos. Há quem diga que um ciclo termina, outro começa, que é a idade da acalmia, da ternura, da sabedoria, etc, etc, etc.
No meu caso, acho que é realmente o culminar de uma fase, de mais um ciclo, e começar outro, recomeçando algumas coisas, mantendo outras, cimentando cada vez mais aquilo que sou, sem deixar de me manter aberta.
Sempre sonhei com o princípe encantado, como acredito que todas as mulheres sonharam um dia (as hetero, obviamente). Mas eu nunca deixei de acreditar que um dia, hoje, amanhã ou depois ele iria aparecer. Nunca. Mesmo agora, em que esse cenário se mostra cada vez mais distante, não consigo deixar de procurar num olhar, numa palavra de alguém, num indício de deus, vindo sei lá de onde, mesmo que eu não acredite num deus da forma mais óbvia.
Por isso, para mim, cada relacionamento que tive, cada homem que conheci, cada um que eu deixei que tocasse no meu corpo, foi nessa esperança vã de que, num deles, esse princípe tivesse incarnado.
Nope. A vida não funciona assim. As pessoas não funcionam assim, e definitivamente, os homens não funcionam assim. Acho que pelo menos isso aprendi. Aquilo que para nós mulheres, não é nunca apenas sexo, para eles é, ou pode ser. É-lhes inato espalharem a sementinha, relacionarem-se sexualmente com a quantidade maior de fêmeas, mesmo que estas não sejam o estereótipo tradicional da "fêmea", como é o meu caso.
Para mim, sempre senti o meu corpo como o meu santuário. Algo que só eu e apenas eu guardava, respeitava e defendia. Confesso que entreguei o meu corpo a pessoas que nunca mereceriam tal coisa. Arrependi-me de casos que tive. Chorei por causa disso. Tive raiva de mim. Senti-me suja. Agora vejo as coisas de outra forma. Vejo que tinha que passar por essa aprendizagem, por essa violação do meu santuário, para me sentir mais humana, para sentir que o que eu via, essa imagem do princípe em cada um deles, não existia, que eu fui apenas mais uma, apenas mais um caso, uma queca, algo sem importância.
Para mim, o sexo nunca foi algo natural no sentido em que a maioria das pessoas o refere. O sexo para mim sempre foi algo místico, algo quase sobrenatural, uma experiência única e próxima do divino. Era como eu o via. A realidade é bem menos romântica. O sexo é hoje em dia banal e está na moda, parece, andar a dar quecas com os amigos e tal. Não concebo tal coisa.
Amizade é amizade, e na amizade, por mais profunda e íntima que seja, não há lugar para sexo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Eu não gosto, e tentei nunca misturar as coisas. No dia em que isso aconteceu, há uns tempos atrás, foi mau. Como seria de esperar a amizade acabou. Talvez porque nunca tenha havido realmente amizade, apesar de eu achar que sim. Pelos vistos estava enganada. Tanto nisso, como em muitas outras coisas, às quais eu chego à conclusão agora.
O princípe não existe. Sexo nunca é só sexo - para mim. Amizade é uma coisa, paixão outra e amor outra ainda. Porra, custou. Custou mas aprendi alguma coisa. Demorei quase 40 anos a chegar aqui, mas se me for em breve, irei com muita coisa na alma. Não toda boa, não toda má, mas uma alma lavada. Se ficar, irei continuar a ser sincera, franca, honesta e directa como sempre fui. Para o bem e para o mal. Para quem gosta e para quem não gosta. Eu sou assim, e não tenho vergonha nenhuma disso. Muito antes pelo contrário.
Muita coisa parece contraditória, e tudo é discutível, não é? Pois é. Eu sou apenas humana e tenho os meus sentimentos, pensamentos e reflexões. E os comentários aqui por baixo servem precisamente para isso. Até breve (ou não).
No meu caso, acho que é realmente o culminar de uma fase, de mais um ciclo, e começar outro, recomeçando algumas coisas, mantendo outras, cimentando cada vez mais aquilo que sou, sem deixar de me manter aberta.
Sempre sonhei com o princípe encantado, como acredito que todas as mulheres sonharam um dia (as hetero, obviamente). Mas eu nunca deixei de acreditar que um dia, hoje, amanhã ou depois ele iria aparecer. Nunca. Mesmo agora, em que esse cenário se mostra cada vez mais distante, não consigo deixar de procurar num olhar, numa palavra de alguém, num indício de deus, vindo sei lá de onde, mesmo que eu não acredite num deus da forma mais óbvia.
Por isso, para mim, cada relacionamento que tive, cada homem que conheci, cada um que eu deixei que tocasse no meu corpo, foi nessa esperança vã de que, num deles, esse princípe tivesse incarnado.
Nope. A vida não funciona assim. As pessoas não funcionam assim, e definitivamente, os homens não funcionam assim. Acho que pelo menos isso aprendi. Aquilo que para nós mulheres, não é nunca apenas sexo, para eles é, ou pode ser. É-lhes inato espalharem a sementinha, relacionarem-se sexualmente com a quantidade maior de fêmeas, mesmo que estas não sejam o estereótipo tradicional da "fêmea", como é o meu caso.
Para mim, sempre senti o meu corpo como o meu santuário. Algo que só eu e apenas eu guardava, respeitava e defendia. Confesso que entreguei o meu corpo a pessoas que nunca mereceriam tal coisa. Arrependi-me de casos que tive. Chorei por causa disso. Tive raiva de mim. Senti-me suja. Agora vejo as coisas de outra forma. Vejo que tinha que passar por essa aprendizagem, por essa violação do meu santuário, para me sentir mais humana, para sentir que o que eu via, essa imagem do princípe em cada um deles, não existia, que eu fui apenas mais uma, apenas mais um caso, uma queca, algo sem importância.
Para mim, o sexo nunca foi algo natural no sentido em que a maioria das pessoas o refere. O sexo para mim sempre foi algo místico, algo quase sobrenatural, uma experiência única e próxima do divino. Era como eu o via. A realidade é bem menos romântica. O sexo é hoje em dia banal e está na moda, parece, andar a dar quecas com os amigos e tal. Não concebo tal coisa.
Amizade é amizade, e na amizade, por mais profunda e íntima que seja, não há lugar para sexo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Eu não gosto, e tentei nunca misturar as coisas. No dia em que isso aconteceu, há uns tempos atrás, foi mau. Como seria de esperar a amizade acabou. Talvez porque nunca tenha havido realmente amizade, apesar de eu achar que sim. Pelos vistos estava enganada. Tanto nisso, como em muitas outras coisas, às quais eu chego à conclusão agora.
O princípe não existe. Sexo nunca é só sexo - para mim. Amizade é uma coisa, paixão outra e amor outra ainda. Porra, custou. Custou mas aprendi alguma coisa. Demorei quase 40 anos a chegar aqui, mas se me for em breve, irei com muita coisa na alma. Não toda boa, não toda má, mas uma alma lavada. Se ficar, irei continuar a ser sincera, franca, honesta e directa como sempre fui. Para o bem e para o mal. Para quem gosta e para quem não gosta. Eu sou assim, e não tenho vergonha nenhuma disso. Muito antes pelo contrário.
Muita coisa parece contraditória, e tudo é discutível, não é? Pois é. Eu sou apenas humana e tenho os meus sentimentos, pensamentos e reflexões. E os comentários aqui por baixo servem precisamente para isso. Até breve (ou não).
3 Comments:
Até breve, Lara :)
revejo-me completamente no que escreves-te.........
Olá de novo.
Encontrei este blogue por acaso, e já li e reli todas as entradas... Só tenho pena que escrevas tão poucas vezes.
Mas, como homem, devo dizer que sinto que tu és obviamente uma mulher inteligente e interessante, mas tens uma visão um bocado negativa dos homens... Ou talvez seja eu que não consiga ver o que tu vez, por uma questão de perspectiva?
Seja como for, espero que continues a escrever. Eu continuarei a ler, sempre com interesse.
Como já dizia o outro, blogues há muitos, mas poucos têm realmente algo a dizer.
O teu toca-me.
Pela tua inteligência e sensibilidade, certamente, mas também por me dar a oportunidade de olhar para as coisas com outro olhar e por me fazer pensar.
Obrigado :-)
Enviar um comentário
<< Home