Concerto em Lisboa: Madonna pôs o público aos saltos
Reportagem retirada do jornal "Correio da Manhã", por Ana Maria Ribeiro / D.G.
Começou com uma cantora incapaz de estar quieta no palco e os 75 mil à sua frente bem-comportados em demasia, mas terminou em apoteose. Ao fim de quase duas horas de concerto, Madonna lançou um carinhoso "nice going, mother fuckers" que pode ser traduzido, com algum pudor, por "estiveram bem, sacanas" que fez delirar os que ontem à noite a foram ver e ouvir ao Parque da Bela Vista.
Eram 23h15 e a rainha da pop conseguira ao longo da actuação pôr aos saltos a plateia com o acelerado ritmo da maior parte das canções que a sua ‘Sticky & Sweet Tour’ trouxe a Lisboa. Pouco antes tivera os fãs incondicionais que esgotaram todos os bilhetes postos à venda no início de Junho a entoar ‘Express Yourself’ sem acompanhamento musical.
Já a Lua cheia iluminava o recinto quando surgiu no ecrã gigante uma sequência animada que culminou em explosão de luz. Quando se aperceberam, Madonna estava no palco, poucos centímetros acima da plateia. Foi a euforia total.
Começou a cantar, despiu o casaco e não mais parou. Para começar, dois temas de ‘Hard Candy’, álbum mais recente: ‘CandyShop’ e ‘Beat Goes On’, com a saudação ‘Hello Lisboa’ pelo meio. Aos 50 anos, Madonna apareceu perante os fãs magra e atlética, mostrando que as horas no ginásio rendem dividendos. Cada movimento de anca mereceu aplausos.
Após um arranque com temas mais recentes, percorreu êxitos de três décadas de carreira, incluindo ‘Human Nature’, ‘Vogue’ ou ‘Like a Virgin’.
Esquecidos por todos foram os sacrifícios para ali chegar. As filas chegaram a ter dois quilómetros, tantos eram aqueles que tentavam chegar ao Parque da Bela Vista. Alguns ainda não o tinha conseguido quando a sueca Robyn, cuja actuação começou às 19h30, pousou o microfone e cedeu o lugar.
DETALHES
GARRAFAS, SÓ SEM TAMPA
As 75 mil pessoas que foram ver Madonna puderam entrar no recinto com garrafas de toda e qualquer bebida desde que estas não tivessem tampa.
SEGURANÇA MÁXIMA
Além dos 500 agentes da PSP destacados, o concerto mobilizou 200 elementos da empresa de segurança privada Prosegur.
A CAMINHO DE ESPANHA
Depois de Lisboa, as paragens seguintes da ‘Sticky & Sweet Tour’ são em cidades espanholas: Sevilha (amanhã) e Valência (na quinta-feira).
RECICLAGEM GARANTIDA
A Sociedade Ponto Verde atribuiu o selo 100R ao concerto de Madonna devido à garantia de que todos os resíduos de embalagens gerados no Parque da Bela Vista serão alvo de reciclagem.
HORAS DE ESPERA À PORTA
'É tudo boa gente. Não incomoda nada e anima muito. Gosto de os ver aqui, primeiro muito quietos nas filas e depois desalvorados por ali adentro.' A síntese é de Fernanda Rosa, 71 anos, moradora num prédio junto ao Parque da Bela Vista, onde Madonna actuou ontem perante os 75 mil que em poucos dias esgotaram a lotação.
O que não se esgotou foi a paciência de quem esperou para lá das prometidas 17h00 para entrar no recinto. Nem mesmo quando as portas laterais se abriram apenas para os privilegiados com a pulseira de acesso VIP oferecida aos primeiros a chegar... 'Este público não dá trabalho, dá é sono. Estou aqui desde as 07h00 e eles também, mas dão-se todos bem', admitiu um dos seguranças do local.
Nas filas, mantidas a uma distância de mais de cem metros da porta principal, a multidão torrou debaixo do Sol inimigo, alheia a diferenças de idade e nacionalidade, unida por um culto chamado Madonna.
DEPOIMENTOS
'A FASE DE QUE MAIS GOSTO É A MAIS RECENTE' (Sandra Valente, 35 anos)
'Vim de Setúbal com duas amigas e só chegámos ao meio-dia, mas ainda assim ganhámos as nossas pulseiras de acesso aos lugares da frente... Sou fã de Madonna desde o princípio, mas a fase de que mais gosto é a mais recente. Ela é mesmo espectacular e, aos cinquenta anos, está um encanto. Pode e vai continuar.'
'ELA É UMA INSPIRAÇÃO E UM EXEMPLO A SEGUIR' (Jorge Pereira, 16 anos)
'Sou de Lisboa e cheguei às 11h00, mas ainda consegui a pulseira VIP... Ela é uma inspiração e um exemplo a seguir. E, apesar de não ter grandes dotes vocais, é uma grande artista. Como tem contratos até aos 60 anos, pelo menos até lá não vai parar. Depois, certamente irá continuar a definir tendências.'
'OS NOSSOS FILHOS É QUE COMPRARAM BILHETES' (Mário Tavares, 63 anos)
'Cheguei há umas horas de Torres Vedras e vim mais pelo concerto em si do que pela artista em causa. Na verdade, os nossos filhos é que compraram bilhetes e nós, os pais, viemos arrastados mas não contrariados. Se gostar gosto, se não gostar não se perde nada. O ambiente também conta.'
'ADMIRO O QUE PASSOU PARA SER QUEM É' (Débora, 16 anos)
'Vim de Coimbra com a minha mãe, que também é fã. O meu pai é que não e por isso não viemos de véspera, chegámos apenas há umas duas horas. Gosto dela desde pequenina, tenho todos os álbuns e visto-me muitas vezes assim, como ela. Admiro muito o que ela passou para conseguir ser quem é.'
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