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Sou uma mulher transexual de Lisboa, Portugal, onde nasci e cresci. Neste espaço poderá encontrar pensamentos, reflexões e comentários inerentes à minha vida como mulher trans. Seja benvind@ ao meu cantinho.

sábado, julho 12, 2008

Família e Música


Hoje vou escrever um pouco sobre dois assuntos: família e música. Podia ser que a família me dá música, o que não deixa de ser verdade, ou que a música da minha família é outra, também verdade inabalável.

Ontem vi a minha sobrinha, agora com nove anos, passados meses em que não lhe pus a vista em cima. A curiosidade é que ela, que me tinha enviado um "postal de aniversário personalizado" em que me tratava por "tio", continua a fazê-lo, como uma provocação infantil. Ela aprendeu, quando me assumi para ela e lhe expliquei quem era e porque era assim, a tratar-me por "tia". E até ficou muito feliz por ter mais uma tia, segundo me constou de fonte fidedigna.

De um momento para o outro, a "lavagem cerebral" foi tanta, que passou a tratar-me novamente no masculino, apesar do meu aspecto feminino, e do peito proeminente. Não sei propriamente quem está por detrás disso, mas não será difícil imaginar, visto que as minhas relações com o meu irmão (pai dela) não são as melhores, e os meus pais, com quem ela passa a maior parte do dia, não aceitam de forma alguma que eu sou uma mulher Transexual.

Triste. Vi-a literalmente nascer, dei-lhe banhinho, biberão, troquei-lhe as fraldas, tentei sempre estar presente, e a paga que levo é esta. Ainda por cima, fui "aconselhada" desde que ela me voltou a tratar por "tio" a não "forçar" nada e para a deixar estar. "Se aceitar aceita, mas será muito difícil", disse-me. E acho que nada mais há a dizer. Contra supostos "factos" não há argumentos.

Também por esta ferida aberta posto tantos vídeos aqui. Talvez porque muitas vezes me faltem as palavras e a música é uma linguagem riquíssima e universal. E, muitas vezes, ilustra muito bem aquilo que sentimos e não conseguimos exprimir assim tão facilmente.

Já fui criticada negativamente por isso, mas o blog é meu e posto o que quero e bem me apetece. E se quem criticou não apreende a linguagem musical, isso é com essas pessoas. Acham que posto vídeos só porque não tenho nada para dizer/escrever, e porque, obviamente, "gosto muito de música". Só não entenderam é que é bem mais profundo que isso.

Devido ao facto de, à partida, não voltar a postar tão cedo, aqui vos deixo três vídeos que considero muito importantes para mim, por motivos totalmente diferentes. Vamos lá "explicar":

1 - Dana International - ícone Transexual mundial, principalmente depois de ganhar o Festival Eurovisão da Canção de 1998, com "Diva", sendo a primeira mulher Transexual a conseguir tal feito. Digna, inteligente e linda. Apesar de me poder identificar mais ou menos com a sua música, admiro-a imenso. Capice?

2 - George Michael - músico, cantor e compositor de excelência que marcou uma época. Soube dar a volta depois dos "Wham" e escolher muito bem o caminho a seguir. Aqui fica uma "cover" de Seal e Adamski, em que a mensagem é clara. Muito bem conseguida unindo-se no final a "Papa was a rolling stone", e um dos melhores vídeos que já vi.

3 - Groove Armada e Mutya - Uma banda de "pop music" que ficou conhecida com "My Friend" e que fez uma música especialmente para a voz fantástica de Mutya, ex-Sugababe, que se sai muito bem neste registo. Óptima de ouvir, com uma mensagem de paz e amor, logo muito 70's, e que cheira a Verão. Sou fã igualmente.

E depois das "explicações", aqui ficam os vídeos, para ouvir, ver, partilhar e sentir. Enjoy.


Dana International - "Love Boy"



George Michael - "Killer"



Groove Armada - "Song 4 Mutya (Out of Control)"