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Sou uma mulher transexual de Lisboa, Portugal, onde nasci e cresci. Neste espaço poderá encontrar pensamentos, reflexões e comentários inerentes à minha vida como mulher trans. Seja benvind@ ao meu cantinho.

domingo, agosto 19, 2007

De que falamos quando falamos de amor...


Hoje dei por mim a pensar no significado das relações amorosas. Porque lhes chamamos "amorosas", se na grande maioria nem amor há, e porque nenhuma deu resultado na minha vida.

A mais longa iniciou-se em Setembro de 2002 e terminou em Novembro de 2003. Conheci o Jorge, de Odivelas, na net, e foi algo muito natural, apesar de "sui generis". Conversámos uma noite na net, encontrámo-nos no dia seguinte, e quando dei por mim estava apaixonada e a "namorar" com ele.

Pus o namorar entre aspas, pois não posso chamar namoro a uma relação que se baseou essencialmente a uma intimidade entre quatro paredes, e a uma intimidade mais sexual do que emocional.

Foi o único homem que amei na minha vida. Apesar dos pesares, estivémos juntos mais de um ano. Depois de tudo ter terminado da parte dele, pois, e passo a citar "tenho vergonha de namorar contigo", e, "não estou apaixonado por ti, não te amo nem nunca te amei, mas na cama havia amor". Só porque sou uma mulher Transexual, isso não significa que me possam magoar da forma e da maneira que lhes apetece. O que significa não me amar, mas haver "amor" sexualmente??? Mas o que é isto??? E ter "vergonha" de namorar comigo??? Pois, mas para fazer sexo comigo já não havia vergonha.

E é isto que eu vejo cada vez mais. Os homens têm vergonha de namorar comigo. Não por eu ser A ou B. Sim, porque sou Transexual. Pelos vistos isso faz de mim menos mulher que as outras. Porquê? Porque não tenho mamas? Porque os meus genitais são iguais aos deles?

Como sou Transexual sou vista apenas para estar de perna aberta entre quatro paredes. Não interessa se sou inteligente, mais ou menos culta, sensível, enfim, um ser humano. E foi precisamente o ser humano que sou que o Jorge de Odivelas não respeitou. Eu amei, ele fodeu. Eu entreguei-me, ele não. Eu estava pronta (que tonta que eu era!) a ir viver com ele, um homem que não me amava e que ainda por cima tinha vergonha de mim!

Amor? Não conheço. E duvido que a maioria das mulheres o conheça vindo do seu companheiro.

Só amei uma vez. E descobri que não vale a pena acreditar em algo que não existe. Amor é uma quimera. Uma ilusão. E essa dor do sonho desfeito ficará comigo até à campa.

Lara

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

:(

That's all I have to say, really.

O caminho da vida é surpreso. Uma surpresa todos os dias.

Se queremos as surpresas todas, temos de ir até ao fim.

Please carry on and be strong, only for yourself.

*

agosto 19, 2007 6:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá Lara, vivo aqui no Brasil, e já passei por isso, e realmente é muito duro ouvir estas palavras, hoje eu já superei tudo isso, fui operada e vivo um pouco melhor, mas o preconceito aqui é bem pior que o daí, um beijo.
Adriana

Se quiser ser minha amiga escreva para alin.sil @ ibest. com. br

novembro 26, 2007 2:28 da manhã  

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