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Sou uma mulher transexual de Lisboa, Portugal, onde nasci e cresci. Neste espaço poderá encontrar pensamentos, reflexões e comentários inerentes à minha vida como mulher trans. Seja benvind@ ao meu cantinho.

quarta-feira, agosto 30, 2006

No Ordinary Love

Foto de Gonçalo Santos

Que fazer quando a tristeza é tanta que só nos apetece ir para um cantinho do quarto e chorar até morrer?
Que fazer quando não conseguimos esquecer o único homem que amámos e que já desapareceu das nossas vidas?
Que fazer quando a dor é tão grande por termos nascido como nascemos e nós sentirmos a culpa disso?
Que fazer quando perdemos tudo e mais nada nos resta, a não ser a doença, a náusea, o medo, o pânico, a morte que desejamos eminente?

Não sei o que fazer. Como ninguém sabe. Os nossos sentimentos e as nossas dores são demasiado pessoais para que alguém, mesmo próximo, saiba as respostas. Se é que há respostas. Se é que algo neste mundo faz sentido. Nuns momentos parece que sim, nos seguintes já não.
Já escolhi o meu caminho quanto à minha transexualidade. E já escolhi o meu caminho quanto à minha vida "amorosa" (se é que alguma vez existiu).
Em relação à primeira não vou fazer qualquer alteração, qualquer cirurgia. Em relação à segunda vou ficar e manter-me como até agora: sozinha. Celibatária. Foi para isso que eu nasci. Para dar amor aos outros, não para o receber. E a ideia até me agrada, talvez pelo meu próprio masoquismo.
É natural que eu, ou não poste nos próximos dias/semanas, ou que também este blog tenha chegado ao fim. Por isso aqui vos deixo a Canção da Minha Vida, algo com que eu sempre sonhei e aquela música e letra que mais me marcaram em 35 anos de vida. Belíssima.

Até sempre. Lara.

Sade - "No Ordinary Love"

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Respostas não as há, a não ser dentro de cada um de nós. Como dizes, e muito bem, os nossos sentimentos/dores são demasiado pessoais, e a única coisa que se pode fazer, não para impedir mas somente para suavizar, é aceitar a companhia e o amor, o carinho e a força que quem gosta de nós nos oferece. Mas sarar essas pútridas feridas que teimam em continuar sempre e sempre, isso só o tempo pode ajudar. Quanto ninguém sabe. Tal como quando escolhemos um determinado caminho não se sabe nunca se chegaremos ao fim, pois aquilo que ontem fazia sentido, hoje deixa de fazer. E assim tod@s nós em determinadas alturas dos nossos caminhos, desviamo-nos e empreendemos a caminhada por uma das inúmeras encruzilhadas que se nos deparam a cada passo que damos. Nada é definitivo no caminho. No fundo, toda a gente procura um amor, mas não se procura "amor". Procura-se um amor correspondido. E isso é que complica tudo, pois pode-se sempre encontrar quem nos ame mas a quem não amemos. A nossa existência está repleta de casos destes, infelizmente. É comum culparmo-nos por coisas que acontecem sem uma causa ou razão aparente, e isso também não nos ajuda em nada. No entanto como humanos que somos, acreditamos (ou fazem-nos acreditar) que somos culpad@s sem o sermos na realidade. Pelo menos em relação à solidão e apesar de parecer que o estamos, não estamos sós. Temos sempre amig@s que nos acompanham na nossa vida ou em parte dela, sempre alguém que está ou estará lá quando precisarmos. Como sabes, nesta vida encontra-se muita gente que não vale a pena, sabes bem disso, que distorcem aquilo que dizemos, que vivem cheias de ódio e raiva. No entanto encontram-se, aqui e ali, uma ou outra pérola, pessoas que pela sua sensibilidade e personalidade transformam em nós um descrédito geral na humanidade numa réstea de esperança. Afinal ainda existem pessoas que contrariam esse descrédito. Pessoas como tu, que eu tive a sorte de encontrar. E é por essas pessoas, ou seja tu no meu caso, que ainda arranjo forças para aguentar esta vida que nos vai massacrando e matando lentamente.
Sabes que estou e estarei sempre contigo, a dar-te força, a ajudar-te no que puder. E espero continuar a ter o prazer de ler as linhas que tão bem escreves nos teus blogues, com a tua única maneira de descreveres sentimentos.
jinhos kida.

agosto 30, 2006 8:01 da manhã  

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