Este Post É Dedicado a Homens... Que Gostam de Trans
Agora, vamos ao título deste post. Os homens que gostam de Trans. É curioso que eles sejam cada vez mais - basta passar pelas tradicionais zonas de prostituição Trans para ver que elas pululam imensas à espera de clientes, e que aquilo parece uma verdadeira hora de ponta, mas à noite.
Casados, comprometidos, solteiros, viúvos, todos procuram momentos de prazer (pois, amiguinhos, parece que é só para isso que servimos, não é?) com uma Trans. Atenção que o termo que emprego aqui - Trans - não inclui só mulheres Transexuais (apesar de serem o fulcro da questão), inclui também Travestis e a comunidade Transgénero em geral.
Infelizmente, na sua esmagadora maioria, os homens que gostam de Trans apenas nos vêem como criaturas da noite, prostitutas, objectos de prazer. O que é mais transgressor do que um homem a ser penetrado por uma mulher com pénis? É o complexo do falo que os faz curiosos, e é a forma como nos vêem que os faz procurar-nos. Afinal, o fruto proibido é o mais apetecido.
Mas, e como uma grande parte das mulheres Transexuais não se prostitui, e muitas procuram relacionamentos estáveis com um homem (obviamente refiro-me só às heterossexuais), estas andam em papos de aranha para encontrar alguém que veja mais além do que um corpo. Sim, porque são muito poucos os homens que têm coragem para assumir uma relação com uma mulher Transexual.
Ou seja, para os homens que gostam de Trans, nós somos reduzidas a uma cara e a um corpo com certas características, claro. Se somos interessantes, inteligentes, cultas ou não, isso não interessa. Tanto que o que mais se encontra em chats da net é o eterno e rídiculo "és Trans? Ah, eu adoro Trans!". Mas o que é isto? Isto significa que eles "adoram" quem não conhecem, não sabem se física e psicologicamente lhes agrada, apenas porque é Trans??? No comments...
E termino com o eterno lugar comum: meus queridos homens que gostam de Trans, nós somos iguais a qualquer outra mulher, e somos bem mais que um objecto de prazer. Somos dignas de respeito e temos o direito a ser felizes como qualquer pessoa. Ok?
Termino com um clip de uma artista muito em voga agora em França, que acho que TODA a gente, homens que gostam de Trans, e as próprias Trans deveriam ver.
Convosco: Christelle Bazooka com "Parle à ma main" feat Yelle. Enjoy!
posted by Lara Crespo | 6:11 da manhã
4 Comments:
Só os homens é que são culpados? São todos? E todos sem razão absolutamente nenhuma? Isso parece-me tão discriminatório quanto culpar os judeus pelos males do mundo, ou os negros pela degradação dos valores morais da América branca, ou o Comunismo por todas as ditaduras e pobreza, ou os trans de serem todos prostitutos (as). A generalização e a radicalização afastam-nos da objectividade e do são convívio. Faz mais falta mostrar que os trans são iguais aos não trans do que atirar culpas a torto e a direito. Porque aqueles a quem atiramos as culpas, se não forem culpados, vão começar a olhar de lado para nós.
Em relação ao comentário anónimo (como não podia deixar de ser), acho que algumas considerações vêm a calhar. É obvio que também uma grande maioria das Trans femininas (MtoF) são culpadas deste estado das coisas, quando aceitam plácidamente e com alegria que as tratem desta maneira. Também é obvio que este facto não diminui em nada a culpa masculina.
Também no texto leio que se fala da "esmagadora maioria dos homens", logo não serão todos (embora na minha opinião pessoal ande lá perto).
As razões, penso que seria um tão longo post que a autora se calhar não quis enveredar por esse caminho. Mas pode-se começar por um pouco de Transfobia, misturada com outros factores, nomeadamente o tão badalado complexo do falo.
Discriminação é a realidade de quem é trans, é o que se sofre diariamente em todo o mundo, até dos supostos movimentos que nos deviam apoiar e defender. Parece-me que quem ler isto e não sentir que a carapuça lhe serve não terá razões nenhumas para se sentir ofendido ou discriminado de maneira nenhuma. Aqui fala-se da realidade. Pode não ser agradável, nem a que se queria, mas neste momento em Portugal a realidade é assim. Tal como o facto das Trans não serem todas prostitutas, que não são, passa completamente de lado, pois as que não o são encobrem-se no anonimato, ajudando pois a este estado de coisas. De que vale dizer-se que não o são, se todas as que se vêem o são? As excepções, por nem chegarem a meia dúzia, não são tidas em conta.
Pela boca morre o peixe! Não há, então, mulheres culpadas? Instituições, como a Igreja Católica ou o Estado Português (e outros Estados que tal)? Ex-homossexuais que se tornam homófobos, como um certo Michael Portillo, há uns anos atrás em Inglaterra? Ou seja, e generalizando, os homens são, na sua esmagadora maioria, culpados pelo sofrimento e marginalização das trans (excepto se estas forem ricas e famosas, não é?). Não interessa se estaremos a alienar potenciais aliados ou a parecer tão intolerantes como os que o são verdadeiramente. Para sermos fortes temos que nos unir. Com seriedade, com uma arma muito forte chamada razão e outra ainda mais poderosa chamada amor. Odiar e mostrar ódio, ou mesmo desprezo e ainda por cima generalizá-lo faz de nós tão culpadas como os nossos adversários. Basta ver os melhores exemplos, como Jesus (não o da Igreja Católica), ou Ghandi ou John Lennon, ou outros menos notórios, que conseguiram grandes avanços civilizacionais pela paz, pelos direitos dos necessitados, sem apelar ao ódio. Há homens culpados? Há, sim senhora. Há homens bons e dispostos a juntar-se a nós? Também. E a esses devemos dizer, venham connosco, espalhem o vosso exemplo, sejam a luz que nos guia para fora do cárcere. Não podemos atirar-lhes constantemente à cara que eles (os homens enquanto género) são culpados e que exigimos deles uma reparação, senão pareceremos a velha história bíblica da maldição até à sétima geração, ou ainda mais ridículo, do lobo que para poder comer o cordeirinho lhe diz que se não foi ele a ofender a sua dignidade lupina, foi o seu pai ou o seu avô e isso é que conta. Eu sou feliz há muitos anos com um homem bom, que faz mais pela nossa causa com o seu exemplo discreto mas honesto, do muitas que vociferam contra as injustiças que sofreram com acusações generalistas e abusivas. E eu não sou anónima. Não é possível a uma trans ser anónima, por muito que se tente. O que não quero é gerar um movimento de feedback e de atenções negativas à roda de uma dissenção de opiniões. Não sou anónima mas prezo a minha intimidade e o meu direito a participar onde, quando e como quiser no grau que entender. Dito isto, espero que entendam que não me move nenhum ressentimento. Quis apenas exprimir o meu ponto de vista, fui mal entendida e decidi defender-me. Apoio o esforço da Lara mas julgo que o sofrimento por que ela tem passado turvou um pouco o discernimento com que geralmente faz posts aqui. A ti, transfofa, que me pareces mais lúcida, falta, ainda assim, tentar ver que entre a dor e a felicidade há a razão. E que é ela que nos vai levar à vitória. A razão e o amor. Mesmo que custe ultrapassar o ódio...
Oi, Lara!
Feliz Natal para ti, e para todos aqueles e aquelas que lerem esta mensagem. E um excelente 2008!
Beijinhos.
Os meus blogues:
TEMPLO DO PRAZER
www.templo-do-prazer.blogspot.com
SEM TABUS
www.sem-tabbus.blogspot.com
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