Lara's dreaming

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Sou uma mulher transexual de Lisboa, Portugal, onde nasci e cresci. Neste espaço poderá encontrar pensamentos, reflexões e comentários inerentes à minha vida como mulher trans. Seja benvind@ ao meu cantinho.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

TRANS GIRLS IN MUSIC

Para descontrair um bocadinho de notícias internacionais sobre transgenderismo e dos meus desabafos, que acredito que se tornem enfadonhos para quem não se interesse pelo tema, nada melhor que um bocadinho de música para relaxar.

Parece que as mulheres Transexuais estão a explodir no mundo da música e a girlsband Venus Flytrap é o último exemplo disso, ao assinar um contrato com a multinacional Sony-BMG. Começámos em 1998, com uma fabulosa Dana Internacional a vencer o Festival Eurovisão da Canção, depois de muitas tentativas por parte dos israelitas mais radicais de a boicotar, e desde aí as Trans nunca mais pararam.

Vou postar aqui três vídeos (eram para ser quatro, mas o de uma girlsband russa desapareceu do You Tube) musicais, dois de cantoras a solo e um de uma girlsband tailandesa.

Por isso, e para ficarem com uma pequena ideia, começamos com a "nossa" Nadia Almada que, depois de ter ganho o Big Brother do Reino Unido e de ter sido nomeada a personagem do ano, em 2004 lança-se também no mundo da música, apesar dos seus muito questionáveis dotes como cantora e artista. Com vocês o seu primeiro e único single "A little bit of action":






Da avançada Coreia do Sul surge-nos uma menina com ar de top-model, e que, apesar de ser Trans (eles querem lá bem saber disso para alguma coisa!!!) é uma super estrela no seu país, tendo honra de primeiras páginas e de produções fotográficas. Como já toda a gente sabe, a menina bonita dos sul-coreanos vai casar-se em Maio como já aqui noticiámos. Eis Harisu, belíssima, com um dos seus hits de Verão (porque será?) "Summer Summer":




Vamos finalizar esta pequena mostra de "Trans Girls Power" com a última bomba oriental e, provavelmente, mundial, a girlsband Venus Flytrap. São cinco lindíssimas mulheres Transexuais que foram escolhidas a dedo para formar uma coesão musical e visual. Duvido que mesmo o mais empedernido dos machões transfóbicos não caia perante tanta beleza. E à beleza juntam-se músicas que entram facilmente no ouvido, um visual (muito) cuidado e uma excelente produção a todos os níveis. De tal forma que as meninas tailandesas fazem já parte do restricto grupo de artistas da Sony-BMG, como já referi.
Fiquem então com a mais recente sensação (trans)mundial, Venus Flytrap com "Visa For Love":



Lara Crespo e Eduarda Santos

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Amor é...


“Há amor amigo...amor rebelde...

Amor antigo...amor de pele...

Há amor tão longe...amor distante... amor de olhos.. amor de amante

Há amor de Inverno, amor de verão... amor que rouba como um ladrão

Há amor passageiro, amor não amado...amor que aparece...amor descartado

Há amor despido, amor ausente...

Amor de corpo e sangue bem quente...

Há amor adulto, amor pensado...

Amor sem insulto, mas nunca...nunca tocado

Há amor secreto de cheiro intenso

Amor tão próximo...

Amor de incenso...

Amor que mata, amor que mente...amor que nada mas nada te faz contente...me faz contente...

Há amor tão fraco...amor não assumido, amor de quarto que faz sentido

Há amor eterno...sem nunca talvez amor tão certo...que acabo de ver

Há amor de certezas que não trás dor... amor que afinal é amor sem amor

O amor é tudo isto...tudo isto...e nada disto para tanta gente...

É acabar num amor igual e começar num amor diferente... sempre... para sempre... para sempre”

(Autor desconhecido, recebido por email)

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

UM ANO DEPOIS, TUDO NA MESMA.

Comunicado de imprensa PANTERAS ROSA



Um ano depois do assassinato da transsexual Gisberta
Tudo na mesma!

Faz amanhã um ano desde que foi encontrado o corpo de Gisberta, transsexual, toxicodependente, seropositiva, prostituta e imigrante brasileira, que sucumbiu a três dias de tortura e sevícias sexuais e posterior afogamento, ao ser lançada a um poço por um bando de rapazes no Porto. Um ano passado, fala-se de um crime que “chocou o País”. E não é verdade: um país chocado, é um País que reage e previne. E não foi assim.

O problema está em que o referido “choque” foi limitado à jovem idade dos autores deste crime (eles próprios vítimas de injustas políticas sociais e de desprotecção de menores), e não se estendeu à perda de uma vida, à exclusão social extrema em que esta vítima mortal estava encurralada, e sobre a qual, um ano depois, praticamente nenhuma intervenção teve lugar, e nada de concreto se alterou. O País pode, portanto, acertar os relógios e continuar a contar os dias até à próxima Gisberta, talvez menos mediática mas nem por isso menos certa. Aliás, o País queria esquecer e já esqueceu.

Um ano depois, temos uma sentença judicial ignóbil que responsabiliza os jovens em causa por agressão mas que os iliba do assassinato e da tortura, sustentando que a vítima morreu por culpa da água em que se afogou. Gisberta morreu assassinada mas ninguém a assassinou, tal como às restantes transsexuais que têm tido sorte semelhante e cujos casos não vêm a público. Por outras palavras, podem matar-se transsexuais, porque isso não tem em si consequência jurídica.

Um ano depois, a protecção legal de pessoas como Gisberta continua inexistente, e as condições de marginalização de grande parte da população transsexual continuam intocadas porque os decisores políticos e o Estado continuam a fugir às suas responsabilidades, tal como aliás no que toca também à população homossexual:

Num país campeão da violência sobre menores, o sistema de “guarda e protecção de menores” continua sem medidas de reforma para que seja mais do que um armazém de crianças e jovens, das quais metade entregues a instituições religiosas, sem contexto emocional ou educativo.

Continua ausente da discussão política o reconhecimento do direito à identidade de género e a protecção legal da população trans contra a discriminação e a violência, no sentido do que legislaram já a Espanha ou a Inglaterra.

Os/as transsexuais continuam sujeitos/as a um processo médico abusivo e mesmo, os transsexuais masculinos, à esterilização forçada, para poderem alterar os seus nomes no BI. Continuam impedidos/as de ver alterado o seu género noutros documentos de identificação, com prejuízo evidente das suas oportunidades de acesso ao emprego.

Nada se fez para limitar o impacto da exclusão social da maioria da população transsexual. A primeira violência de que esta é vítima, é institucional e legal.

Numa altura em que a política institucional volta a adiar o reconhecimento do direito ao casamento civil para os casais do mesmo sexo, lembremos que em Portugal ainda estamos na fase de debater medidas que poderiam significar a diferença entre a vida e a morte.

Quando alguma agenda política e mediática tende a resumir ao tema do “casamento” as reivindicações do movimento Lésbico, Gay, Bissexual e Transgénero (LGBT), o caso de Gisberta Salce Júnior aí está para nos lembrar e não deixar esquecer que em Portugal a homofobia e a transfobia continuam regra, que a verdadeira fractura social está na discriminação, e não no reconhecimento de direitos à população LGBT.

Sobretudo, que no combate a estas discriminações, temas como o do casamento civil são “parte” mas não “o todo”, porque está quase tudo por fazer naquilo que pode em concreto melhorar as vidas sujeitas a estas discriminações e violências.

Certo é que a transfobia, a homofobia, e a violência discriminatória começam e acabam por ser institucionais, e pouco se alterará nas mentalidades enquanto assim for, e enquanto os políticos continuarem a escudar-se na necessidade de “um grande debate nacional” para não fazerem o que está certo: prevenir (a violência e a discriminação), educar e legislar. O que não dizem os políticos que assim falam, é que eles próprios não estão abertos a esse debate:

A legislar contra a discriminação pela orientação sexual ou pela identidade de género, ainda mais desprotegida.

A assumir responsabilidade por políticas activas de Educação para a prevenção destas discriminações, à semelhança de outras.

A assumir a extinção de normas discriminatórias, como a que continua a excluir homossexuais na doação de sangue.

A alterar a legislação discriminatória e contrária ao princípio constitucional de não discriminação em função da orientação sexual, reconhecendo as novas expressões familiares e as famílias não-heterossexuais e os seus direitos: reconhecer os milhares de famílias de homossexuais com filhos e, em consquência, o acesso à adopção, alargar, sim, o acesso ao casamento civil, regulamentar o acesso à inseminação artificial para lá dos casos de fertilidade, regulamentar e fazer aplicar a Lei das Uniões de Facto.

O Estado continua a ser o primeiro violador da igualdade. Não só não a combate como promove a discriminação através da sua inacção e das suas leis.

“Tema fracturante”, realmente, só vemos um: a discriminação que nos expõe à desigualdade e à violência, sobre a qual ninguém em Portugal assume responsabilidades. Mas essa indiferença tem custos humanos e sociais, de que Gisberta é um lembrete incómodo. E prova trágica de que quem não assume as suas responsabilidades, é já responsável.

21 de Fevereiro de 2007

sábado, fevereiro 17, 2007

TO PUT THINGS STRAIGHT

Foto de Pedro Simões/2006

Tenho quase 36 anos. Iniciei-me na actividade profissional de ajudar outras pessoas por volta dos 30. Entretanto fundámos a ªt, e eu continuei a dar o meu contributo, o melhor que podia e sabia.

Dei entrevistas a revistas, jornais e televisão nunca por uma questão de protagonismo pessoal (e quem me CONHECE sabe perfeitamente que sou uma mulher tímida e low profile), mas para tentar que as minhas experiências e conhecimentos pudessem ajudar outras, que tal como eu, se sentiram perdidas e sem ninguém a quem recorrer.

De repente, e a Jó Bernardo já me tinha avisado disto, começo a ser atacada por pessoas que nem sequer sei quem são e que nem me conhecem, a criticar QUEM SOU, O QUE FAÇO E PORQUE O FAÇO.

De início fiquei chocada, furiosa e triste ao mesmo tempo, pois parecia que a mensagem não passava. Mas depressa dei a volta e continuei a fazer o que sempre fiz de melhor: ajudar os outros.

Só para terem uma ideia, uma tal de L, do blog FishSpeaker, criatura que nunca conheci e não faço tenções de conhecer, publicou no seu blog que eu “censurava” fotos e a beleza. A “Beleza” era a Queli Marlene Cruz, que retirei de uma foto em que apareciam várias pessoas, numa Marcha Pride. Minha cara L, ou cara Luísa Reis, whatever, eu manipulo e censuro das minhas fotos pessoais quem quero, e se retirei a Marlene não foi porque ela é, de facto, extraordinariamente bonita, foi apenas porque só coloco fotos de pessoas com quem me dou e de quem sou amiga.

Mas a cena mais ridícula foi a publicação noutro post de que eu tinha dado uma entrevista ao jornal “Destak” (minha cara L, eu NUNCA dei uma entrevista ao jornal Destak!). Supostamente nessa entrevista, que ainda por cima foi TELEFÓNICA, eu dizia que era Transgénero (que sou sem vergonha nenhuma!) e que só passava a ser Transexual depois da Cirurgia de Redesignação de Sexo! Confesso que me deu vontade de rir, pois a entrevista foi dada ao jornal Metro, e a suposta jornalista nem percebeu nada do que eu disse. Se você, L, fosse minimamente inteligente, ou alguma vez tivesse dado uma entrevista, saberia que na maioria das vezes eles nem preparados estão, e em segundo lugar, NUNCA sai exactamente aquilo que dizemos, quando não é DISTORCIDO.

Ou seja, passados todos estes anos de ACTIVISMO, vejo que ele não é reconhecido nem por muitas pessoas que eu ajudei. Estou cansada. Para mim terminou, e espero que você, L, tenha vergonha nessa cara e não fale do que não sabe, e muito menos de factos que desconhece.

Quanto aos outros e outras, poderão sempre contar comigo. E não deixarei de, supostamente DAR A CARA, quando eu achar que devo, cara L, mesmo que você não goste. Por falar nisso, você já deu a sua alguma vez?

Bom Carnaval,

Lara Crespo, Transgénero, Transexual e Activista Trans, SEM VERGONHA DE O SER!!!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Não Temos Vergonha!


NÃO TEMOS VERGONHA!


Um ano decorrido sobre o assasinato da Gisberta, inicialmente alvo dos actos inqualificáveis de adolescentes e posteriormente vítima do preconceito e da discriminação social e institucional que levaram ao lamentável desfecho do caso como se de um crime menor se tratasse, com o beneplácito de muit@s e a indiferença de muit@s outros, achamos que a memória da Gisberta merece que nos ergamos e que demonstremos que existimos, que somos cidadãs e cidadãos deste país e que não temos que ter vergonha por sermos quem somos ou como somos.
Em homenagem às Gisbertas e aos Gisbertos que alguma vez sentiram na pele a discriminação com base na sua Identidade do seu Género psicológico, está na hora de mostrarmos que não temos vergonha de sermos Transgéneros e/ou Transexuais e que recusaremos, SEMPRE, pertencer a qualquer grupo, conjunto ou comunidade "oculta" ou "invisivel".



http://naotemosvergonha.blogspot.com

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Mulheres, homens e coisas que tais...

Para variar, já se faz dia agora que posto. Hoje estive com duas amigas, uma sediada em Paris, a Jó, e a outra no Porto, a Andreia. Jantámos juntas, mais a Edu (of course!) e entre quatro mulheres criam-se sempre aquelas conversas interessantes de quem estimula os neurónios.

Deu-me muito que pensar uma fortíssima conversação entre a Jó e a Edu. Ambas falaram sobre a Identidade de Género, o ser-se Transgénero, e a redução que o termo Transexual nos provoca, ao nos levar apenas a uma visão sexista da Mulher ou Homem Transgéneros.

Não me vou alargar muito sobre este assunto, pois ainda está a ser digerido por mim, e absorvido pelas célulazinhas cinzentas. E esta conversa fez-me lembrar o primeiro episódio de uma série que passa na Fox (e penso que num dos canais nacionais agora) intitulada "Nip/Tuck".


Para quem nunca viu, é uma série em que as duas personagens principais são dois cirurgiões plásticos. E nesse tal episódio entrava a fabulosa Famke Janssen no papel de uma Ava Moore. A história corre e, de repente, descobrimos que afinal Ava era nada mais nada menos que uma mulher Transexual. Mas a desilusão foi grande. As razões da sua cirurgia de redesignação de sexo eram impensáveis, a personagem era uma estereotipada e nada convincente "femme fatale" Transexual, que acaba a partir sozinha para Paris, depois de espalhar a desgraça.

De qualquer das maneiras é bom ver que personagens Transgénero estão cada vez mais presentes em séries e filmes, mais ou menos credíveis, mas a obrigar as pessoas a pensar e a verem que não somos uns e umas "freaks".

E para regalar os meus olhitos e os de muita menina e menino, aqui vos deixo uma foto de um dos jogadores da Selecção Francesa de Rugby, que apesar de já não ser muitooo recente, confesso que me deixa com água na boca.



É a eterna história: nós, mulheres, exercitamos os neurónios; eles, homens, exercitam os músculos.

E há quem goste. Eu não digo que não me limpa a vista, mas sinceramente prefiro um homem que exercite os dois lados da sua natureza. Cada cabeça (será?) sua sentença!

Beijos da Lara

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Dia 11 eu voto SIM